O que Peter Drucker quis dizer com ‘a cultura come a estratégia ao pequeno-almoço
- João Francisco Amado
- 4 days ago
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A frase de Peter Drucker, “Culture eats strategy for breakfast”, tornou-se um dos princípios mais citados na gestão moderna. Contudo, muitas lideranças continuam a subestimar o seu verdadeiro alcance. A cultura organizacional não é um conjunto de frases inspiradoras definidas pelo departamento de Recursos Humanos; é a forma como as pessoas realmente se comportam quando ninguém está a observar. É o reflexo direto do que os líderes fazem, não do que dizem.
1. O que Peter Drucker quis realmente dizer
Drucker defendia que a estratégia, por mais sólida que seja, depende sempre da capacidade das pessoas a executarem. Quando os comportamentos, valores e crenças da organização não estão alinhados com a estratégia, esta fracassa inevitavelmente.Em termos práticos, a cultura define “como” as decisões são tomadas, “como” os erros são tratados e “como” as pessoas se relacionam internamente. É o tecido invisível que sustenta (ou destrói) qualquer plano estratégico.
2. A falsa delegação da cultura ao departamento de RH
Em muitas empresas, os CEO e diretores veem a cultura como um domínio técnico dos Recursos Humanos. O RH organiza eventos, comunica valores e promove ações internas, mas raramente tem poder para moldar comportamentos de liderança, resolver incoerências hierárquicas ou alinhar decisões estratégicas com os valores proclamados.O resultado é um desalinhamento estrutural: a cultura torna-se um projeto paralelo, e não o alicerce da estratégia. Drucker alertava precisamente para este risco — quando a cultura e a estratégia não falam a mesma linguagem, é sempre a cultura que vence, porque é ela que governa o comportamento diário.
3. O papel intransferível da liderança
A liderança é o verdadeiro “guardião” da cultura. Os colaboradores observam atentamente o que o líder tolera, incentiva ou ignora. Se a direção proclama valores de confiança, mas centraliza decisões e desconfia das equipas, a mensagem real é o contrário.A mudança cultural começa, inevitavelmente, pelo topo. Como Drucker sublinhava, o líder deve ser exemplo de coerência e de responsabilidade - “management is doing things right; leadership is doing the right things.” A cultura nasce da soma dos comportamentos visíveis da liderança.
4. Como alinhar cultura e estratégia
Um processo eficaz de gestão cultural pode seguir quatro passos essenciais:
Diagnóstico realista: compreender os comportamentos dominantes e o que eles revelam sobre a cultura atual.
Compromisso da liderança: reconhecer publicamente as incoerências e definir comportamentos-alvo.
Alinhamento com a estratégia: garantir que os valores e as práticas reforçam as prioridades estratégicas.
Sustentação contínua: avaliar regularmente se o exemplo da liderança confirma o discurso institucional.
Só quando a cultura e a estratégia se reforçam mutuamente é possível alcançar resultados sustentáveis.
Conclusão
Peter Drucker não defendia que a cultura substitui a estratégia, mas que sem uma cultura coerente e vivida, qualquer estratégia está condenada. A cultura é o sistema operativo da organização: invisível, mas determinante.A liderança não pode terceirizar este papel ao RH. Cabe ao topo definir, exemplificar e proteger a cultura que permitirá à estratégia prosperar.
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